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Artigo

Abuso sexual infantil: 87,7% das vítimas são meninas

3 min

por Redação Observatório 3º Setor

18 de maio de 2024

Violência Contra Crianças e Adolescentes

Combinando pesquisa, educação e construção coletiva de programas e políticas públicas, a ONG Serenas realiza capacitações com lideranças das redes públicas de ensino; focadas na prevenção e no acolhimento, iniciativas combatem o abuso e violência sexual contra meninas e mulheres.

Crianças e adolescentes são as principais vítimas de abuso sexual; segundo os dados do 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 61,3% dos casos ocorrem com menores de 13 anos e cerca de 86% dos abusadores foram familiares ou pessoas próximas da família. O situação traz um alerta para a vulnerabilidade desta parcela da população, especialmente as meninas, que conforme levantamento da Fundação Abrinq aponta, em 87,7% dos casos são as principais vítimas desse tipo de violência.

O Brasil ocupou o segundo lugar no ranking mundial desse tipo de crime, com o total de 500 mil vítimas anualmente. O terceiro setor conta com diversas organizações engajadas no compromisso de prevenir e enfrentar a exploração sexual de meninas e mulheres, entre elas a ONG Serenas, que atua em território nacional, utilizando duas estratégias centrais: a educação para prevenção e a qualificação para acolhimento. Em colaboração com secretarias de educação em todo o território nacional, a organização desenvolve políticas educacionais destinadas a prevenir a violência de gênero, abordando tanto situações de violência doméstica quanto o enfrentamento da violência institucional que as vítimas enfrentam ao buscar apoio nos serviços públicos.

“Em nosso programa ‘Serenas na escola‘, trabalhamos com três etapas. A primeira é a sensibilização das lideranças, com workshop de 8 horas de formação nos mais diversos setores da Secretaria de Educação. Todas as áreas passam pela formação, desenvolvendo um olhar para prevenção das violências de gênero em qualquer política que seja construída. Depois, realizamos Assessoria Técnica que ajuda com demandas mais específicas da secretaria. Por fim, a produção e disseminação de materiais educacionais que cheguem para os agentes da comunidade escolar, professores e diretores e para os próprios estudantes e suas famílias“, conta a co-fundadora e diretora executiva da Serenas, Amanda Sadalla.

O engajamento da organização impacta diretamente a perspectiva e atenção para o cenário de prevenção. Ações do tipo são necessárias, ainda mais considerando o problema da subnotificação, em que 76,5 dos estupros acontecerem dentro de casa, com 82,5% dos abusadores sendo conhecidos da vítima; a Unicef estima que nem 10% dos casos chegam às mesas das delegacias.

A ONG chama atenção à importância de atender e dar visibilidade à vulnerabilidade das meninas, buscando a sistematização de dados para embasar políticas públicas efetivas. Com a metodologia formativa “Escola Segura para Todas as Meninas“, a ONG atua para sensibilizar lideranças e agentes das redes de educação pública, afim de incorporar a perspectiva da prevenção de violências contra meninas e mulheres em todas as políticas educacionais e tomadas de decisão. Apoiada pela Fundação José Luiz Egydio Setúbal (FJLES), a metodologia foi pilotada em 2023 no estado do Pará, envolvendo 50 lideranças da Secretaria Estadual de Educação e Secretaria da Mulher.

“O objetivo central é, nos próximos cinco anos, conseguir disseminar e reaplicar os programas, como o Serenas na Escola, e assim realizar um acolhimento humanizado na perspectiva de gênero, em todos os estados do nosso país, em nível estadual e municipal”, explicou Amanda.

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